Um dia vi um filme com uma teoria interessante. Diziam que a vida depois da morte era sempre céu e que cada um tinha o seu próprio pedaço de paz.
Nunca mais me abandonou esse sentimento, essa ideia que depois de tudo poderia gozar a não existência da forma que quisesse.
Nessa altura lembrei que gostaria que o meu espaço fosse um parque. Um daqueles onde as horas não passam, as crianças brincam no jardim, alguém vende pipocas e o amanhã interessa pouco. Gosto desse sentimento de inocência ao sol. Uma magia que poucos se apercebem e todos gozam a certa altura.
Ganhei uma nova ideia neste fim de semana. O meu céu hoje seria um dia ao sol infinito em Londres. Estou a usar aqueles sapatos que o João encontrou, sinto me bonito, sinto me em paz. As pessoas andam à nossa volta anonimamente, mas faço parte da vida delas, como elas fazem da minha. Há coisas a acontecer, o Big Ben toca ao longe e consigo ver os arranha céus estendidos com quem quer tocar no dedo de Deus.
A vida à minha volta, parada no tempo. Os autocarros vermelhos andam. Os carros andam no lado contrário da estrada. As pessoas têm pressa. Mas a minha vida está parada e eu sinto-me bem. Não há nada mais à volta. Mando alguns postais, mando sempre. como se por mandar os postais as pessoas estivessem comigo.
Bebo uma bica. É inglesa... mas não importa.
Este é o meu céu.