Novembro - A arte de viver e não escrever

27 novembro, 2011

'8 semanas'
Diz-me a Kerri. Estamos todos aqui há mais ou menos oito semanas. Oito semanas em Milano, em Itália, fora de casa, num mundo novo. Sozinhos talvez. Pobres, no meu caso, com dinheiro para pagar a renda e pouco mais. Mais ou menos felizes.
8 semanas. Parece-me um ano. Portugal está lá longe e todos os problemas estão afundados nessa distância. A casa de Sacavém, as memórias, a minha mãe. Hoje desliguei o telefone, ela anda louca outra vez. Mas desligo o telefone. Já sou capaz de simplesmente desligar o telefone. Raios partam o resto.
De qualquer forma, parece-me egoísta não andar a escrever nada, andar a ignorar o meu espaço aqui, o meu espaço tão fiel durante tanto tempo.
A verdade é que ando a tentar dominar a arte de viver. A arte de sair, de conhecer, de ser um turista, de ser interessado.
Os dias correm. Nem todos são bons, nem todos os dias tenho orgulho de mim, nem todos os dias acho que fiz a coisa certa. Mas viver também é aprender a aceitar esses pedaços de mau momento, essas más decisões.
Mudei muita coisa em mim. Perdi o apetite de comer por exemplo. Longe vão os dias em que comia que nem um animal a tentar acalmar uma fome de alma.
Agora fumo, fumo e fumo e fumo muito mais do que alguma vez fumei. Agora vivo, agora...sou novo.
Parece-me um ano, porra, 8 semanas e parece que já me aconteceu de tudo.
E a vontade de voltar a Portugal e ser apreciado como uma fénix renascida das cinzas nasce. Tenho saudades dos meus amigos, dos meus parentes, da minha casa na Armona, mas quero tanto exibir-me. Exibir a tatuagem que trago na alma de ter vivido estes dois meses em Itália, de exibir as minhas histórias, de me exibir. De erguer bem alto a minha cabeça para todos aqueles que um dia não acreditaram.
Não é um bom sentimento bem sei. Não é algo muito nobre, muito bom, mas começo a aceitar as minhas imperfeições e a tentar viver com elas. Vou me exibir um bocadinho, chegou a altura de eu ser Rei do meu próprio baile.

I'm Fuuuuuuuuuuuuuuuuuuucked.

05 novembro, 2011

Dinheiro. Dinheiro. Dinheiro.
Sinto-me gerente de um banco na bancarrota. Montes de contas, montes de pessoas a pedir dinheiro e nada. Pobre em Milão. Pelo menos sou fashion.
Deus queira que a querida Caixa Geral de Depósitos se despache a tratar do meu empréstimo de estudante. Bolas. Já estamos em Novembro. Pensar que me tinham dito que em Setembro as coisas já estariam prontas. MERDA PARA OS BANCOS PORTUGUESES. A sério.
Bem, entretanto, quem é que me quer mandar umas latas de sardinha?