A.L / D.L

26 junho, 2012

Londres. Londres, Londres. A palavra forma-se na minha boca como um beijo guardado que se solta com prazer. Londres. A vida antes de Londres e a vida depois de Londres. Há uma distinção a fazer. Foram 10 dias que nem tão cedo esquecerei.
Londres e a sua vida descontrolada, a sua gente descontrolada, o seu metro descontrolado. Londres e as lojas, Londres e os meus sapatos na Tower Bridge. Londres e por todo o lado satisfação. Londres e por o todo o lado Sonhos com "s" grande. Se o mundo acabasse amanhã, ia me perder pelas ruas de Londres e chorar um bocadinho no Hyde Park.
E mesmo ali tão perto de Londres, Cambridge. Um mundo que nunca pensei conhecer. Um mundo de festas de jardim em que se conhecem pessoas interessantes, um mundo de três copos de vinho e mais um só para a garrafa acabar. Um mundo de bailes de gala e de bebedeiras de pobre. Um mundo de livros e bicicletas, uma bolha única, um ambiente difícil de encontrar seja onde for. O mundo das "mentes mais brilhantes da Grã-Bretanha.
E Londres foi assim. Uma bênção. O descobrir de um sonho, o descobrir dum objectivo novo.
Um caminho a percorrer...

Inutilidades I

13 junho, 2012

Não há melhor snack para a madrugada que este: Coca-Cola de 55 cêntimos, sandes de dois euros da máquina da residência e um cigarro ou cinco. Estas noites já têm um prazo definido, mais dia menos dia, arrumam-se os tarecos e ciao ciao milano, e já sei que vou chorar. Mas enfim. Guardemos as angústias todas para outro dia. O sentir demais nunca ajudou ninguém que eu conheça.
Para me entreter, penso no futuro. Que presente envenenado! Não me consigo imaginar mais velho do que sou hoje. Tenho uma existência de borboleta, sem dúvida. Não fui feito para ter 50 anos. Não fui feito para não ser jovem, a vida já agonizante sendo jovem, não me cativa nada com os problemas da velhice. E dito isto, não me posso dar ao luxo de não fazer planos. Sair de Portugal? Ir viver para outro lado? Mas para onde, meu deus, para onde? O mundo parece-me um sítio demasiado grande, ainda por cima agora que conheci tanta gente. Sinto-me afogado no mundo. Mais ou menos aquele sentimento de quando se pensa no universo é de como é uma coisa infinita. De como o mundo inteiro é um pequeno pontinho insignificante. O que fazer, meu deus, o que fazer.
E enquanto isto tudo se passa, cada vez me desespero mais com este blogue, com a escrita, com associações, comparações, erros de gramática, sintaxe e o diabo a quatro. Enerva-me que não consiga escrever algo melhor, algo impressionante. Fluidez. Beleza. Onde estão?
O desespero de querer dizer algo interessante é dramático e indubitavelmente inútil.

Ryugyong

10 junho, 2012


Hoje no Público:

 "Ryugyong começou a ser construído em 1987 em Pyongyang com o objectivo de ser o maior hotel do mundo, imagem imponente do comunismo"
"Os problemas para o regime de Pyongyang continuaram, com especialistas a olharem para o hotel e a considerarem-no o mais feio do mundo. A revista Esquire designou-o como o “pior edifício da história da humanidade” , sendo também chamado de “Hotel Of Doom” (“Hotel da Ruína”)."
"Ryugyong tornou-se um símbolo do falhanço do país e do comunismo. Apesar do imponente edifício ser visto a quilómetros de distância, Pyongyang chegou, mesmo, a negar a sua existência, fazendo-o desaparecer das imagens oficiais da capital norte-coreana."

A verdade é que não há nada mais humano que isto. Construímos estes edifícios altos, cheios de expectativas. Acreditamos que estamos a fazer uma coisa boa, que todos possam ver, para que todos possam admirar. Mas, no fim, o tempo passa e aquilo que um dia sonhámos ser majestoso, acaba sendo uma ruína. Uma trágica e quase triste memória do que um dia sonhámos alcançar. Mesmo que esteja ali, cru e morto, ignoramos com os olhos e com a alma. Ninguém quer ver os próprios fracassos.

E depois vem a reconstrução. E voltamos a pegar na nossa ruína e fazer alguma coisa com ela.

O passado cura-se e cura-nos. E de edifício mais alto do mundo para edifício mais feio, de edifício mais feio para ruína e de ruína para símbolo da nossa resistência. Porque os sonhos reciclam-se.


To Build a Home

02 junho, 2012

As minhas entranhas sentem já as despedidas. A cada abraço estamos mais próximos do último. A cada exame, a cada gelado, a cada dia de sol. A aventura está na recta final. Já não há surpresas.
E eu não sei o que sentir. Não sei se há vida depois de Erasmus. Não sei quem sou eu depois de Erasmus.
E o tempo passa...