Há 5 anos atrás

30 maio, 2011

Era um miudinho.
Um miudinho que sabia o que queria fazer mas não sabia como, um miúdo que tinha muitas ideias sobre o mundo, sobre o que se deve fazer e o que não se deve fazer. Um miúdo em desespero por estar sempre preso às quatro paredes do seu quarto, da sua escola, da sua cidade. Um miúdo que encontrava a paz suprema numa aula qualquer (coisa que ninguém percebia), um miúdo que só queria ser amado e que queria conhecer as pessoas de hoje.
Andava pelas internetes e conhecia pessoas novas, de sítios muito distantes como Lisboa. Nessa altura, a distância que hoje faço de comboio a dormir, era a distância do céu e da terra. Conheci muitas pessoas, umas interessantes, outras nem tanto. A maior parte morreu nessa existência eterna e fútil que é a internet, mas uns, uns poucos ficaram Online muito tempo, e continuaram até hoje.
E nos últimos dias tenho estado com um desses amigos assim, aqueles que se têm na internet e que parecem diferentes dos nossos amigos de carne e osso. A barreira foi-se. O melhor da internet não é ter amigos online, é tê-los e depois fazê-los amigos offline.
E pronto, têm sido dias giros com projectos novos e dá para ir vivendo ainda mais Lisboa. Vou ter saudades disto e penso, falo e imagino muito sobre isso. Mas ainda há um verão para viver. Um verão inteiro...!
E aposto que vai ser interessante. Projecto "Two of Us" a começar...Get ready!
5 anos depois...o mundo começa a ser mais aquilo que quero.
Vale sempre tudo a pena...mesmo que não pareça!

Empty Rooms Empty Hearts

27 maio, 2011

Viver nesta casa nem sempre é um mar de rosas. Aliás, pode dizer-se perfeitamente que é mais um mar de desarrumação, de falta de comunicação, de sonhos de adolescente adulto com uma pitada de sexo.
Não vive aqui ninguém importante. Não somos apresentadores, nem tradutores, nem músicos nem nada ainda. Somos jovens com um sonho, um sonho volátil que cresce no coração sem se saber como.
Viver aqui...nem sempre é fácil ou bom. Nem todos os dias se quer ir para casa, nem todos os dias se gosta de subir as escadas.
Há um gato, branco como a neve porca de Nova Iorque. Há posteres de famosos, campanhas de moda e filmes independentes que nunca vimos. Há fotos de outrora, bilhetes de Lady Gaga e roupa espalhada no chão. Mas, os sonhos continuam a viver ao nosso lado, ou à nossa frente, ou no nosso próprio quarto.
Em frente ao meu, há uma porta. Uma porta sempre igual com dois papéis singelos anunciando a "Rainha dos Roucos" e a "Diaba Tradutora". Em tempos que já lá vão havia um calendário dos Beatles, umas velas de cheiro e duas raparigas. Primeiro, foi-se embora uma e sentia-se o vazio no quarto. Chorei muitas vezes quando entrei lá. Sentia falta de qualquer coisa, sentia falta de noites na cozinha, de fumar às escondidas de brincar de ser feliz. Depois foi a outra e o vazio tomou conta. O silêncio apenas restou daquilo que tinha sido um império de abraços, compaixão e quiçá no fundo, o melhor amor de todos - a amizade que não se acaba, não se destrói, não se desvanece.
Outra pessoa foi para lá. Uma pessoa que dormia comigo. O nosso roncar acompanhava a lua, as estrelas e o nascer do sol, já ali, depois do fumo dos carros. Estávamos em frente um ao outro. Durou pouco. O ano acaba mais cedo para alguns e os que ficam, continuam a luta.
E agora a casa descansa. Depois de borbulhar os sonhos, o vazio e o silêncio descansa num sono diferente. Um sono de quem mudou, de quem já não é o que era, de quem cresceu e desatou nós impossíveis. Reis e Rainhas fomos nós e lembro-me tão bem. Lembro-vos tão bem.
A sombra do que fomos ainda ronda as esquinas, reproduz os nossos jantares e vê televisão comigo. Mas já não é a mesma coisa. Há momentos que não voltam atrás.
Nunca mais.
Nem sempre faz bem viver nesta casa. Há gritos, confusão, computadores 25 horas por dia ligados. Há pó e mosquitos assassinos. Há folhas de teste, folhas de rascunho, folhas rasgadas, folhas brancas. Há de tudo nesta casa. Mas...mesmo assim os sonhos persistem, insistem e fazem comichão.
Apesar de tudo, vou sentir saudades da casa que me viu nascer outra vez. Que me viu ser feliz, ser triste, ser irracional e mal criado. Me viu fazer a barba e pensar no amor. Me deu lágrimas e sorrisos. Mas especialmente, vou sentir falta de nós. Nós, sempre nós aqui e ali, a dançar e a pular, a ler poemas e dormitar. Sempre nós. Sempre a mesma energia e o viver inconsequente. Nós num para sempre inacabado.

(...)

Agora a luta está a acabar mesmo. Mais um mês - o que é isso? Mais uns dias o que é isso? Mais uns mosquitos...o que é tudo isso? A casa começou a dormir...e espera talvez mais disto tudo para o ano que vem...já sem mim.
Talvez um dia escrevam - neste lugar, viveram-se bons tempos.
E no fundo...é isso, esse pouco nada, tudo o que temos.
Obrigado casa.
Até um dia.

Levado do Diabo

17 maio, 2011

(...) Depois da ceia, Vilaça acompanhou ainda um momento Afonso da Maia à livraria, onde, antes de recolher, ele tomava sempre à inglesa o seu conhaque e soja.
O aposento, a que as velhas estantes de pau- preto davam um ar severo, estava adormecido tèpidamente, na penumbra suave, com as cortinas bem fechadas, um resto de lume na chaminé, eo globo do candeeiro pondo a sua claridade serena na mesa coberta de livros. Em baixo, os repuxos,cantavam alto no silencio da noite.
Enquanto o escudeiro rolava para o pé da poltrona de Afonso, numa mesa baixa, os cristais e as garrafas de soda, Vilaça, com as mãos nos bolsos, de pé e pensativo, olhava a brasa da acha que morria na cinza branca. depois ergueu a cabeça, para murmurar, como ao acaso:
- Aquele rapazito é esperto...
- Quem? O Eusebiozinho?- disse Afonso, que se acomodava junto ao fogão, enchendo alegremente o cachimbo. - Eu tremo de o ver cá, Vilaça! O Carlos não gosta dele, e tivemos aí um desgosto horroroso...Foi á meses. Havia uma procissão e o Eusebiozinho ia de anjo... As Silveiras, excelentes mulheres, coitadas, mandaram-no cá para o mostrar à viscondessa, já vestido de anjo. Pois senhores, destraímo-nos, e o Carlos, que o andava a rondar, apodera-se dele, leva-o para o sotã, e, meu caro Vilaça... Em primeiro lugar ia-o matando porque imbirra co anjos... Mas o pior não foi isso. Imagine você o nosso terror, quando nos aparece Eusbiozinho aos berros pela titi, todo desfrisado, sem uma asa ,com a outra a bater-lhe os calcanhares dependurada de um barbante, a coroa de rosas enterrada até ao pescoço, e os galões de ouro, os tules, as lantejoula, toda a vestimenta celeste em frangalhos!... Enfim, um anjo depenado e sovado... Eu ia dando cabo de Carlos.
Bebeu metade da sua soda, e passado a mão pelas barbas, acrescentou, com uma satisfação profunda:
- É levado do diabo, Vilaça. (…)

4 de Abril de 2007

16 maio, 2011

Foi quando comecei este blogue.
E o bébé já tem 4 anos. Jesus Maria.
Quem diria...Quem diria?

Quero um abraço deste tamanho

12 maio, 2011

Hoje vi um relógio do Le Petit Prince na oysho.
Pudesse aquilo caber-me no pulso...

FOREVER ALONE?

09 maio, 2011

Desperate need to do so

08 maio, 2011


Tenho tido a necessidade de escrever. Talvez não numa postura tão desconfortável como o rapazinho da imagem, mas de realmente escrever.
Tenho em mim capacidades, tenho em mim caixas de mundo que posso oferecer com laços
e embrulhos. Só quero é que alguém as queira. Não consigo deixar de acreduitar que realmente
sou bom e que realmente só me falta ser descoberto.
Esta arrogância ainda me mata.
Mas...será assim tão mau fugir para a arrogância quando é a única coisa a fixar-me no chão?

Novidades Velhas

02 maio, 2011

Okay, eu sei que é costume eu dizer isto...mas passei por outra noite de insónia. Basicamente eu sei que ando a estragar as minhas rotinas de sono quando passo uma noite inteira acordado, mas por algum motivo é mais forte que eu.
Além disso, a valeriana que já há algum tempo deixei de tomar, voltou a dar-me aqueles sonhos estranhos, pormenorizadamente estranhos e profundamente divertidos.
Um exemplo? Eu a entrar na 25 de abril com o meu carro e a ir para o Algarve. Because that happens like every single day (not).
Enfim, hoje vou tentar manter-me desperto e esperar que consiga regular os sonos hoje.
Tenho pensado muito em Milão e está cada a dia, mais perto. Sinto que já sei algumas coisas mas ainda não sei nada e sofro de uma ansiedade imensa. Quero muito partir, ir descobrir o que está além, ir agora que ainda não tenho grandes amarras. Quero mesmo muito ir. E é uma grande alegria pensar que vou estar a viver tanta coisa e a sentir tanta coisa em apenas alguns meses! De qualquer forma tenho que ir resolvendo algumas coisas e essas têm sido grandes dores de cabeça.
Dinheiro, Formalidades e merdas. Sempre a acabarem comigo. Enfim, ao menos que tudo esteja assim.
Não sei se é de estar acordado há algum tempo já ou se é mesmo do contexto em que estou a viver, mas sinto que as coisas estão razoáveis. Não estão bem, não irão ficar bem até Junho, mas estão suficientes. Não me sinto sufocado. Tenho tido algumas alegrias, algumas surpresas e até fiz amigos novos. No fim, acho que sair do Algarve foi a melhor coisa que me poderia ter acontecido porque hoje em dia sei que cresci, mudei e estou diferente. Muito mais diferente do que poderia ter imaginado e isso foi bom.
Continuo a sentir, esporadicamente, que estou sozinho. Em festas é o pior. Começo a desistir delas. Sinto que pelas minhas aventuras alcoólicas - sim, bebi muito e adormeci em lugares estranhos - perdi muita credibilidade, talvez até amizades. Mas, quer dizer, eu comecei a sair aos 18 anos. É natural andar um bocadinho à descoberta não? Também acho ligeiramente hipócrita o facto de me censurarem por isso. Hei-de sempre sentir que em algumas coisas vivi a vida melhor que os outros. Vivi, andei por aí, embebedei-me e dormi em Oriente, mas pelo menos tenho histórias para contar.
Os meus amigos começam a ter o terrível hábito de se começarem a portar como adultos, e a fazerem planos, terem carros, estarem quase casados e a terem ideias muito moralistas e duras sobre algumas coisas.
Eu? Continuo uma criança. É o meu encanto.

O que eu precisava para ser feliz era ser magro

01 maio, 2011

Tenho mesmo que perder um bocado de peso.
Mas se antes achava que precisava disto para ser feliz, agora acho que preciso disto para ser mais saudável, mais pró-activo e para não acabar um dia
no Peso Pesado.

Arcade Fire

Companhia para a criação de trabalhos atrasados e estudos próximos.
It works!