Eu quero ser feliz.

21 abril, 2012

E a vida corre, como um rio sereno no meio dum bosque parado no tempo. Na realidade nem sei que merda é esta que estou a escrever. A vida anda, a vida anda sim, mas nada tem a ver com bosques e rios e merdas felizes.
Por acaso até estou a ter merdas felizes. Encontro carteiras, estou com amigos horas ao sol, bebo vinho e penso na vida.
Como já se vê o fim de erasmus, a despedida.
Como a Aurélie fez uma tatuagem a dizer "Home is wherever I'm with you" e o "is" que ela tem é com a minha caligrafia. Alguém tatuou uma coisa com a minha caligrafia. Este Erasmus é uma loucura.
Aqui, com a a janela a aberta e os meus sapatos lindos fedorentos à janela, já com o frio a entrar, penso em como isto foi tão poderoso. Porra.
E AINDA NÃO acabou. Falta-me ir a Roma, a Pisa, a Bologna, falta-me ver monumentos, tirar fotos e viver uma história de amor em Milão. Mas talvez, e apesar de ainda ter tempo, é bom que fiquem histórias para viver, coisas por acontecer.
Não consigo pensar na vida depois de Erasmus. Em como Portugal só me parece um convento onde eventualmente vou secar como as páginas dum livro velho, em como tenho tanta coisa pendente, em como outra vez o mundo deu tantas voltas.
Não quero pensar. Vou viver.

E entretanto já tenho um voo marcado para Londres.
Pânico.

Uma palavra chamada Costanza

12 abril, 2012

Hoje é o primeiro dia de aulas do último trimestre italiano e depois de brincar, chorar e perder os óculos é altura de jogar o corpo ao trabalho.
Depois de duas aulas muito interessantes (de apresentação e já vi que vai ser super trabalhoso) fui para a biblioteca consultar um dos livros que tenho que ler para uma das cadeiras. E, depois de mais ou menos de duas horas e meia a ler, a perceber, a queimar as pestanas, parei. Estava cansado e achei que era melhor parar  - cada frase me parecia mais difícil que a anterior - e ir comer qualquer coisa e sair da faculdade. Chego ao sítio dos pobres que têm fome (a sala subterrânea das máquinas de comida) e numa das máquinas está um sumo e uma sandes presos, já comprados.
Analisei o problema e decidi comprar um dos sumos na mesma prateleira onde estava aquele circo empoleirado para ver se o tombava. Sem grandes efeitos. Agora tinha dois sumos presos e uma sandes num menage pouco saudável.
Comecei a bater com as mãos na máquina. Não se mexiam. Procurei dar diferentes toques, algumas mudanças. Comecei com os joelhos. A sandes começou a andar e a virar. Continuei. Usei o corpo, já me doía tudo.
E a sandes e os sumos caíram me aos pés, finalmente.
Chega um homem ao pé de mim. Ar de Senhor Doutor de Faculdade. Fatinho. Sapato engraxado. Com um sorriso.
- Conseguiu?
- Sim.
- Muito bem. Acabou de me lembrar um texto muito filosófico que se quiser depois lhe mostro chamado "Costanza"
(Força moral de quem não se deixa abater; perseverança, persistência, força de ânimo).

(...)
Digam-me o que que disserem, e não sei se isto é uma teoria parva pseudo filosófica, mas todos os dias há alguém com uma mensagem para nós e nessa mensagem, uma aprendizagem. Talvez as pessoas se encontrem todas por um motivo.
Talvez agora finalmente (e Deus sabe que tremo só de escrever isto) consiga fazer qualquer coisa da vida. Costanza. Costanza. Costanza.






Ontem.

Ontem, ao despedir-me das minhas amigas na Stazione Centrale di Milano, e ao ver os pobres infelizes que perderam o comboio por segundos, tive um pensamento.
Mesmo que as pessoas sejam como comboios (depois dum há sempre outro a seguir) cada comboio é invariavelmente diferente do outro, com novos desafios e o que foi já não volta. Talvez seja por isso que as despedidas sejam tão profundas - há uma parte de nós que se encerra ali.
Mas talvez seja demasiado cedo para escrever isto.

E voltei a sentir necessidade de escrever

01 abril, 2012

Mas não mais de dor, de sangue e de destruição.
Pelo menos não da minha, mas dos meus personagens.
Hoje, sinto-me bem.