Os rios de lágrimas tomaram-me como refém. Sou prisioneiro duma depressão crónica, sou um doente mental. A vida passa por mim como facas no queijo, tenho cicatrizes na alma, o coração preto mal bate já. E quero escrever, escrever, escrever e não consigo. Nada do que digo ou faço faz algum sentido. Sou um homem perdido, sou um vagabundo, vivo a comer migalhas de algo que não existe.
O copo que levo à boca é de cristal, mas o vinho que bebo é veneno. Por detrás de todos os meus sonhos, o inferno se intromete, o diabo manipula-me.
Será possível ser feliz? Será possível ser?
Será possível fazer sentido?
Perdido no sonho, encontrei o pesadelo. E ninguém me compreende, ninguém fala português. E nem eu falo já português. Sou memória viva de algo que já não respira. Sou uma sombra do que fui, a bem dizer...fui sempre sombra de mim mesmo. Fui sempre esta manta rota de aspirações.
Merda.
Só o fim me pode salvar agora.
Regresso
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Começa assim,
com as minhas mil mortes e mais uma
entre chocolates e cravos caídos,
o fim de outro mundo perdido em tantos
sem tempo para prantos nem lembra...
Há 7 anos