No secundário, o meu professor de filosofia (uma das pessoas mais inteligentes que conheci na vida) aconselhou a leitura dum texto chamado "De Profundis" de Oscar Wilde. Não me lembro do porquê, não me lembro se deu detalhes, mas ficou o conselho.
Procurei pela obra algum tempo e desisti. O mundo dos livros em português pode ser muito chatinho sem se conhecer as pessoas certas.
Não me esqueci mais das palavras dele porém e numa simples visita a uma pequena livraria aqui em Milão, encontrei um exemplar a três euros, esquecido no meio de outros nomes importantes da literatura inglesa. A versão original. Fiquei tão contente que nem pensei mais sobre outra coisa, tinha que o ter, tinha que o possuir.
A leitura revelou-se um desafio. Demorei quase dois meses a ler 140 páginas - o que não é definitivamente comum para mim.
Hoje, no primeiro dia do mês de Fevereiro, acabei e sinto-me destruído. De Profundis acabou comigo duma maneira que só os grandes livres acabam. Tive vontade de chorar.
Uma carta sobre o amor, sobre a arte, sobre a imaginação e sobre a vida - isto tudo e muito mais. De Profundis é um portal para uma conversa íntima com Wilde (uma coisa só por si de valorizar) sobre o que vai no nosso íntimo. Encontrei-me nas linhas de Wilde muitas vezes e talvez seja esse reconhecimento que me tenha destruído.
Dizer que aconselho que é understatement - é uma leitura obrigatória para os meus amigos mais próximos.
E noutras notícias menos destrutivas, hoje nevou em Milão e tinha neve no cabelo, neve nos sapatos, neve no casaco. Uma coisa única. E senti-me melhor hoje que ontem embora o desespero esteja à espera em cada canto.
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