No primeiro dia do ano, estava eu em lágrimas no restaurante de sempre, com as pessoas de sempre a pensar no passado que já começa a estar cada vez mais longe e ainda assim consegue deixar cicatrizes. O resto dos dias passaram em loucura, em frenesim, em desorganização mental completa, as emoções a meterem os pés pelas mãos. Já não sabia o que sentia.
Entretanto vim para cá e em 10 dias, mais teste à minha força psicológica. Mais confusão. Mais do mesmo, mais desafio.
Janeiro: só te quero ver daqui a muito tempo. Só te quero ver quando tiver 20 anos, estiver no terceiro ano de faculdade e tiveres coisas bonitas para me mostrar. Foste horrível, foste assustador, foste mau, foste tudo. Agora vai-te embora depressa, não me envolvas mais no teu manto de horrores que Fevereiro tem boas surpresas para mim. Quero acreditar que sim.
Quero acreditar que as coisas estão melhores agora.
Ainda ontem estava a pensar que se calhar sou demasiado velho para estas merdas. Estas emoções descontroladas. Mas afinal, tenho 19 anos. E ter 19 anos acalma-me imenso. Acalma-me especialmente a ansiedade dá me a única resposta que preciso: Não é preciso ter respostas agora. Não é preciso saber tudo. Quem sabe, talvez não seja preciso saber tudo nunca. Eu esqueço-me tanto disto, e repito que sou repetitivo muitas vezes. Mas estou a crescer. Sabe bem crescer.
Agora não perco sapatos, casacos. Agora não tenho que dar os meus brinquedos ou mudar de escola. Os desafios de crescer são outros, mas ainda assim sabe bem.
Tenho uma parte do cérebro ligada non-stop ao Algarve estranhamente. Ás pequenas coisas da vida. À minha casa na Armona que mais dia menos dia vai deixar de ser parte da minha realidade. Tenho uma parte do cérebro ligada ao meu pai, o homem da minha vida. Bolas.
Como eu um dia gostava de dizer ao meu pai, olhos nos olhos e muito confiante "Amo-te. Foste tudo e mais do que eu podia esperar de alguém". É bom ter um pai assim. Não tive muitas coisas, mas entre as pérolas que guardo na minha caixa-de-jóias há umas quantas que têm um brilho diferente agora.
Uma palavra ainda para os que vão, os meus irmãos de armas de Erasmus que acabam aqui o que eu vou acabar daqui a uns meses. Uma vida não seria suficiente para vos conhecer quanto mais três meses. Mas vou sentir a vossa falta. Sinceramente e com todo o meu coração: Boa Sorte. Encontramo-nos um dia, noutro tempo, noutra era. Ou não, e isso é perfeitamente razoável por ainda assim tivemos isto. Este momento. Fomos um grupo. Não há nada que vença essa sensação.
Adeus Janeiro. Não deixas saudades.
Regresso
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Começa assim,
com as minhas mil mortes e mais uma
entre chocolates e cravos caídos,
o fim de outro mundo perdido em tantos
sem tempo para prantos nem lembra...
Há 8 anos
2 Comentários:
Acabei de escrever a dizer adeus ao Janeiro feio. Nem de propósito. Ahaha.
foi um mês bonito de muito sol...mas feio em vivencias...que venha a chuva e dias melhores
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