Férias com Filmes X

06 janeiro, 2012



Les amours imaginaires (2010)

Xavier Dolan. Outra vez Xavier Dolan. A primeira vez que vi o seu primeiro filme, passei uma noite memorável e arrepiante, o filme "Eu matei a minha mãe" tinha-me dado pesadelos e pensamentos para uma vida. Entretanto todos me falavam deste, do seu segundo filme e mais novo bebé. Tinha curiosidade em ver o que poderia acontecer depois do primeiro, da explosão auto-biográfica que ele tinha montado.


Les amours imaginaires, Heartbeats, Amores Imaginários, como lhe quiserem chamar é um filme interessante. É difícil (pelo menos para mim) não me deixar apaixonar pelo estilo completamente admirável de Dolan. Como diz Marcelo Pereira:


"Les Amours Imaginaires dividiu, em estremados pólos, a opinião pública: de tirar o folêgo à juventude hipster (tão deleitada pelo charme de Dolan e tão inebriada pelos seus adereços estéticos) (...)" 


E talvez até o diga com alguma razão, mas a verdade é que realmente adorei o filme. A beleza dos adereços estéticos é talvez uma coisa da minha geração. O símbolo das coisas, aquilo que se pode tirar só de se parar o filme e fazer print screen. A roupa. O cabelo, os colares. Há qualquer magia em tudo isso que Dolan realiza com uma mestria impressionante. 

A história deste trio amoroso improvável, um Adónis, uma Audrey Hepburn e um James Dean - os últimos enrolados neste vício de querer alguém tão obsessivamente enquanto o primeiro brinca com os seus sentimentos como criança que é, sem se quer perceber o que está a acontecer. Isto tudo, acontecendo com uma banda sonora apetecível onde cada música faz sentido, com um movimento de câmera meio trapalhão às vezes e com momentos slow motion que são um deleite para os olhos.

Os momentos apontados como fracos pelos críticos, toda a imaturidade de Dolan (como se ser jovem fosse algo só de si de criticar) para mim faz parte duma esfera de estilo que já lhe marca. A falta de história para trás, a falta de explicações é notória. Mas ao contrário de muitos filmes, percebe-se que sim, há história, sim há momentos para trás mas cabe ao espectador entender e perceber isso. O que acontece através dos elementos decorativos tão profundamente ignorados pelo resto do mundo.

Dolan é provavelmente o Almodóvar francês desta geração, uma geração de vícios e de ilusões, uma geração marcada por histórias de encantar que ele compreende e sabe retratar. Digam-me o que me disseram é uma verdadeira lufada de ar fresco um filme como este. Aconselho vivamente.

Nota: O poster do filme está na nossa língua porque nunca o tinha visto assim apresentado e achei lindo (além de fazer sentido, as três partes do coração nunca se tocam ou apenas levemente)

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