Não há melhor snack para a madrugada que este: Coca-Cola de 55 cêntimos, sandes de dois euros da máquina da residência e um cigarro ou cinco. Estas noites já têm um prazo definido, mais dia menos dia, arrumam-se os tarecos e ciao ciao milano, e já sei que vou chorar. Mas enfim. Guardemos as angústias todas para outro dia. O sentir demais nunca ajudou ninguém que eu conheça.
Para me entreter, penso no futuro. Que presente envenenado! Não me consigo imaginar mais velho do que sou hoje. Tenho uma existência de borboleta, sem dúvida. Não fui feito para ter 50 anos. Não fui feito para não ser jovem, a vida já agonizante sendo jovem, não me cativa nada com os problemas da velhice. E dito isto, não me posso dar ao luxo de não fazer planos. Sair de Portugal? Ir viver para outro lado? Mas para onde, meu deus, para onde? O mundo parece-me um sítio demasiado grande, ainda por cima agora que conheci tanta gente. Sinto-me afogado no mundo. Mais ou menos aquele sentimento de quando se pensa no universo é de como é uma coisa infinita. De como o mundo inteiro é um pequeno pontinho insignificante. O que fazer, meu deus, o que fazer.
E enquanto isto tudo se passa, cada vez me desespero mais com este blogue, com a escrita, com associações, comparações, erros de gramática, sintaxe e o diabo a quatro. Enerva-me que não consiga escrever algo melhor, algo impressionante. Fluidez. Beleza. Onde estão?
O desespero de querer dizer algo interessante é dramático e indubitavelmente inútil.
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