Aquelas coisas que vou escrevendo offline

02 abril, 2010

Querido Diário,

Ultimamente tenho sido confrontado com montes de coisas sobre a minha existência, coisas que tenho reprimido ao longo do tempo, memórias penosas, medos e angústias que me foram surgindo e que eu fui sempre tentando controlar.

Não sei. É como se o jogo tivesse subido de valor. Ou aposto ou perco e isso está a deixar-me ansioso.

Em primeiro lugar, tenho pensado muito neste espaço que tem sido, ao longo dos anos, uma fonte de terapia sempre disponível e fundamental. No entanto, fizeram-me ver há uns dias que eu não era muito explícito sobre a minha vida aqui. Fiquei surpreso.

Desde que escrevo no blogue, são raras as vezes em que de facto fiz considerações profundas sobre mim. Algo mais do que banalidades do dia-a-dia que embora me definam, não expressam por inteiro quem eu sou.

Talvez todo este “Diário de Ephram” não seja mais que um aglomerado de Fru-Frus existenciais que fui vivendo ao longo do tempo e isso até me entristece.

Gostava que o mundo soubesse que sou mais do que um betinho com problemas de ansiedade, mais do que mais um adolescente eternamente desesperado. Sou mesmo uma pessoa. Uma pessoa que vive mais do que o que escreve.

Até porque seria impossível e impraticável fazer sempre análises sobre mim. (Pelo menos no blogue, na minha cabeça acontecem quase todos os dias.)

A isto veio se juntar uns blogues que estive a visitar. Diários online de outras pessoas que me pareceram verdadeiramente espectaculares de inicio. Parecia um mundo novo, onde de facto as pessoas escrevem tudo sobre elas e expõem isso online sem medo de consequências.

Cheguei á conclusão no entanto que estão carregados de fru-frus, mas mascarados entre o glamour e a excitação da coisa em si. Não são mais do que o meu, tocam em assuntos provocadores que a maior parte de nós precisa de ler porque não tem.

Apesar de disso, isto tudo borbulhou em mim algumas horas. Afinal quem sou eu? Afinal o que é a minha vida sem as coisas banais e fúteis?

Sou um adolescente de 17 anos que mora no Algarve. Tenho amigos no mundo físico e no mundo virtual que sempre conviveram bem (ou pelo que eu sempre tentei equilibrar). Quero ser um verdadeiro escritor com nome em Portugal e no Mundo. E o resto? O resto não sei definir. Sei que estes são factos, tudo o resto é dúvida ou certeza (sempre aliada ao medo das consequências)…

Não consigo passar por palavras quem sou. Sou demasiado complexo, demasiado pluridimensional para tal.

Não sei, Não sei.

E até começar a saber ou começar a ter menos medo, acho que vou basear me nos fru-frus xD.

Sei que isto está tudo confuso, mas é mesmo um reflexo de mim mesmo. Sempre confuso, sempre louco, sempre desorganizado.



p.s.- fru-frus é uma palavra "inventada" pela minha professora de Português.Basicamente pode definir-se como um sinónimo para futilidades, para os nadas que enchem a nossa vida.

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