Amanhã é o último dia

08 junho, 2010

Amanhã o dia vai nascer igual a todos os outros dias de todas as outras pessoas.
A mulher loira vai vestir aquele vestido que chama o olhar do seu homem, vai passar o bâton nos lábios jovens, vai calçar aquele par de sandálias preferido, selecto, fashion. Vai cirandar pela cidade e vai ter um normal dia de trabalho.
O homem vai fazer a barba e vai reparar que tem mais um cabelo branco. Vai vestir uma camisa que lhe ofereceram pelos anos e põe num pulso um relógio caro porque se sente mais seguro assim mesmo que o não saiba. Vai dar um beijo à mulher e vai para o trabalho descansado. Está quase, quase de férias. Vão para aquele sítio que agora é super badalado.
A Dona Paula da mercearia vai acordar e ver os mesmos vegetais de ontem, os mesmos velhos que compraram pão. Vai falar sobre o tempo e discutir a novela. Outro dia normal.

E os dias normais vão se suceder para todo o mundo menos para mim.

Amanhã é o fim do ano, o fim de uma era: O secundário.

Não há palavras que expliquem o que é chegar aqui após estes três anos. Sou mais adulto, mais estúpido, mais formal, defini mais o meu ser e fiz amigos que não esperava.
Três anos de luta, de esforço de tentativas falhadas e sonhos pisados de pessoas perdidas, encontradas, magoadas, chateadas, enfurecidas, apaixonadas.

Um mundo de coisas que aconteceram: um aborto, uma pancada, um blogue, um grito, várias descobertas sexuais, milhares de conversas, centenas de risos, milhões de pensamentos.

Nem sei escrever já. Nem sei por todo isto aqui, esta tudo desorganizado, o cérebro é como um radio e todas as musicas passam a correr, não lhes distingo forma nem cor nem nada.

Merda. Está mesmo a acabar. Está mesmo no fim.

E que fiz eu? E o que consegui eu?
Próximo do nada?
Nada?
Pouco?

Não sei. Mas mudei. E isso...

É tudo.

Amanhã vou sorrir e brincar e rir.
Amanhã faço tudo e não digo nada a ninguém.
Amanhã vou fingir que me sinto confiante no futuro e que vamos todos ser felizes.


E quando chegar a casa chorarei que nem um perdido.




E vamos ver "depois do rio o que é que vem".


Estou quase a deixar-te Ephram.
Quase.

1 Comentários:

Emanuel Castelo disse...

Todos choraremos contigo.