Uma estante cheia de livros

13 junho, 2010

Livro Um
A Despedida

O andor corria negro como os vestidos das mulheres. O caixão erguia-se na frente levado pelos homens de fato a quem é proibido chorar. As mulheres avançam logo a trás de passo lente e cobertas pela sua própria tristeza.
Até a terra cair sobre o caixão todos se sentirão tristes. Todos lamentarão a morte daquele que os ensinou tanto.
Mas...

Livro Dois
O início da Desilusão
Nos idos anos da minha vida, anos de sol e fugaz felicidade conheci dois irmãos. Um fazia casas ali ao pé daquela cidade que já não existe, mesmo junto à praia que não ficou na memória. Um dia, um comprou uma casa branca, muito velha que precisava de pintura. Pediu primeiro a um dos empregados para ajudar e ficou muito bonito. Parecia uma real casa de senhores. Entretanto, louco por embelezar a sua casa ainda mais pediu ajuda ao seu irmão. Horas depois a casa tinha perdido a sua beleza e era agora tal como qualquer outra. A inocência da primeira pintura parecia ter morrido debaixo da normalidade.
"As vezes é melhor ficar com a primeira demão de pintura."

Livro Três
A coisa
Ah. Que grandiosos cabelos, vestidos, sapatos, que grandiosas pessoas que passavam pelo Grande Banco de Pessoas. Todos se vestiam extremamente bem para estar ali. Mas o que é aquilo?
Luz
Cara
Tremor
Tu
Fuck you
Lágrima
Cigarro
Morte
Dormir

Livro Quatro
Afinal
Afinal tudo é o que sempre foi e tudo o que pensei era o certo.
Afinal ano existem finais felizes e aqueles que nos amam são sempre os primeiros a crucificar-nos.
Afinal mesmo os que já são maus são hipócritas.
Afinal ninguém continua a defender-me e o mundo
é isto, um grande circo de Horrores
onde eu tenho várias máscaras mas só posso usar aquela
que os outros acham mais bonita.
Que desilusão.
Que tristeza que sinto.
Que raiva sinto na boca.

"Diga-me mais sobre isso por favor.
Acho que era benéfico explorar isto comigo, a sua psicóloga."


Livro Cinco

Esquecimento ou Fortalecimento de Ideias Presentes

Aquilo que há de vir ainda ninguém sabe.

E assim, as palavras que se seguem não são mais que isso mesmo: Palavras
que escrevi sem saber o final disto
Palavras que escrevo só para escrever.
Palavras que não sabem a nada, que na sabem nada.
Palavras como eu.

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