é estranho

24 janeiro, 2011

No outro dia vi-te. E estavas igual como te imaginava. O tempo passou e deixou as marcas que eu pensei que deixasse. Olhaste para mim e eu senti o teu olhar como tinha sentido há tantos atrás. Talvez quando nos deixamos marcar tanto por alguém, coisas simples como um olhar sentem-se à flor da pele. E eu talvez tenha-me deixado, estupidamente, marcar por ti de uma forma que ainda hoje não sei explicar como aconteceu. Foste o meu vício, foste o meu sonho. Foste a merda de um pedaço de mim que te dei sem pedires ou quereres. Dei-te não sei porquê. Mas sei quando. Foi naquele verão. Sim, aquele verão...o verão é sempre propenso para eu ficar louco. Talvez seja o calor, o suor que me dá cabo dos neurónios.

E mesmo assim, depois de tudo, marcaste-me tanto que não consigo falar contigo. Não consigo olhar-te nos olhos e dizer-te olá. Não consigo ser mais uma pessoa na tua vida, prefiro o frissom de me afastar, talvez tentando ridiculamente ainda provocar alguma polémica na tua existência. Talvez tenhas pensado apenas que me tornei num pavão em Lisboa. Um pavão orgulhoso que simplesmente prefere ignorar o passado. Ai. Se tu soubesses.

Depois de ter visto, ouvi falarem de ti. Ouvi falarem de ti com desdém e quis matá-los. "Pois, sim, já sabes que não gosto nada dessa pessoa. O traço dela é bom, mas o desenho não é nada demais. Para mim, não tinha boas notas." Penso que se calhar não tens os amigos certos. Mas isso são batalhas tuas e eu não te posso ajudar. Acho que nunca mais te vou conseguir definir na minha vida. Serás sempre a minha ilusão de um verão que eu alimentei para alimentar a alma. De qualquer forma, desejo-te tudo de bom. A sério que sim.

E hei de sempre sentir o teu olhar azul em mim, cravado em mim, sempre enterrado em mim. O pedaço que tens de mim é demasiado grande.

(e agora me apercebo como toda a gente vai pensar que isto é para a pessoa errada. Oh well. Alguns fantasmas são mais públicos que outros)

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