(...) Depois da ceia, Vilaça acompanhou ainda um momento Afonso da Maia à livraria, onde, antes de recolher, ele tomava sempre à inglesa o seu conhaque e soja.
O aposento, a que as velhas estantes de pau- preto davam um ar severo, estava adormecido tèpidamente, na penumbra suave, com as cortinas bem fechadas, um resto de lume na chaminé, eo globo do candeeiro pondo a sua claridade serena na mesa coberta de livros. Em baixo, os repuxos,cantavam alto no silencio da noite.
Enquanto o escudeiro rolava para o pé da poltrona de Afonso, numa mesa baixa, os cristais e as garrafas de soda, Vilaça, com as mãos nos bolsos, de pé e pensativo, olhava a brasa da acha que morria na cinza branca. depois ergueu a cabeça, para murmurar, como ao acaso:
- Aquele rapazito é esperto...
- Quem? O Eusebiozinho?- disse Afonso, que se acomodava junto ao fogão, enchendo alegremente o cachimbo. - Eu tremo de o ver cá, Vilaça! O Carlos não gosta dele, e tivemos aí um desgosto horroroso...Foi á meses. Havia uma procissão e o Eusebiozinho ia de anjo... As Silveiras, excelentes mulheres, coitadas, mandaram-no cá para o mostrar à viscondessa, já vestido de anjo. Pois senhores, destraímo-nos, e o Carlos, que o andava a rondar, apodera-se dele, leva-o para o sotã, e, meu caro Vilaça... Em primeiro lugar ia-o matando porque imbirra co anjos... Mas o pior não foi isso. Imagine você o nosso terror, quando nos aparece Eusbiozinho aos berros pela titi, todo desfrisado, sem uma asa ,com a outra a bater-lhe os calcanhares dependurada de um barbante, a coroa de rosas enterrada até ao pescoço, e os galões de ouro, os tules, as lantejoula, toda a vestimenta celeste em frangalhos!... Enfim, um anjo depenado e sovado... Eu ia dando cabo de Carlos.
Bebeu metade da sua soda, e passado a mão pelas barbas, acrescentou, com uma satisfação profunda:
- É levado do diabo, Vilaça. (…)
O aposento, a que as velhas estantes de pau- preto davam um ar severo, estava adormecido tèpidamente, na penumbra suave, com as cortinas bem fechadas, um resto de lume na chaminé, eo globo do candeeiro pondo a sua claridade serena na mesa coberta de livros. Em baixo, os repuxos,cantavam alto no silencio da noite.
Enquanto o escudeiro rolava para o pé da poltrona de Afonso, numa mesa baixa, os cristais e as garrafas de soda, Vilaça, com as mãos nos bolsos, de pé e pensativo, olhava a brasa da acha que morria na cinza branca. depois ergueu a cabeça, para murmurar, como ao acaso:
- Aquele rapazito é esperto...
- Quem? O Eusebiozinho?- disse Afonso, que se acomodava junto ao fogão, enchendo alegremente o cachimbo. - Eu tremo de o ver cá, Vilaça! O Carlos não gosta dele, e tivemos aí um desgosto horroroso...Foi á meses. Havia uma procissão e o Eusebiozinho ia de anjo... As Silveiras, excelentes mulheres, coitadas, mandaram-no cá para o mostrar à viscondessa, já vestido de anjo. Pois senhores, destraímo-nos, e o Carlos, que o andava a rondar, apodera-se dele, leva-o para o sotã, e, meu caro Vilaça... Em primeiro lugar ia-o matando porque imbirra co anjos... Mas o pior não foi isso. Imagine você o nosso terror, quando nos aparece Eusbiozinho aos berros pela titi, todo desfrisado, sem uma asa ,com a outra a bater-lhe os calcanhares dependurada de um barbante, a coroa de rosas enterrada até ao pescoço, e os galões de ouro, os tules, as lantejoula, toda a vestimenta celeste em frangalhos!... Enfim, um anjo depenado e sovado... Eu ia dando cabo de Carlos.
Bebeu metade da sua soda, e passado a mão pelas barbas, acrescentou, com uma satisfação profunda:
- É levado do diabo, Vilaça. (…)