Clube das Barbies (?)

14 setembro, 2011

E fui, de autocarro, com o coração nas mãos. Não percebo, agora, o porquê mas naquela hora era como se fosse visitar uma memória, uma memória quase que perdida, obscura, um ideal de coisa que já nada tem a ver com a coisa em si mesma mas ao qual me agarrei durante tanto tempo como faço com tudo. Parecia quase que um jogo, um ambiente desconhecido, pessoas estranhas, passos dados em busca de algo longínquo, a expectativa a sugar-me a concentração.
"é por ali, mais adiante" "Ao pé da igreja" "está quase lá é mesmo já aqui".
Cheguei e fiquei por ali, sem saber se entrava ou esperava mas destino deu-me uma pequena ajuda como sempre e empurrou-me para frente.
Vi-o primeiro a ele. Se só olhar para ele, o tempo não passou - as roupas é que se actualizaram e ainda vamos almoçar ali na cantina e o Pimenta ainda é o Inimigo Público 1 e vamos
chorar de rir enquanto vamos para a baixa.
Mas quando olho para nós, para o ambiente, para a vida e para as pessoas... entendo que sim, tudo mudou e há passos irrecuperáveis, histórias que não voltam para trás e mundos que se perderam.
Depois olhei para ele. Era o fim, a despedida, o sorriso de uma tarefa bem feita. O choque do real não bateu, aliás naquela hora senti-me mais seguro e confiante. Mas
ainda assim, era estranho.
O apresentar, o falar, o conviver, estar ali com eles e pensar que mudei, mudaste,
mudámos e que a vida avançou.
(...)
E se eu tivesse ficado cá?
E se neste momento, fosse velho conhecido e não tivesse vícios de Lisboa,
não conhecesse aquela, a outra, o fulano de tal?
Como seria a vida aqui neste sítio sem mudanças,
ou pelo menos sem grandes acontecimentos e com o mesmo sabor
a nada?
O que seria eu hoje sem Lisboa?
E se estudasse contigo? E se tivéssemos a mesma vida de antes
sem alguns personagens?
Havíamos de rir do mesmo e discutir pelo mesmo, bem sei.
E quando o tivesses conhecido, eu teria acompanhado tudo...
(...)
As aventuras acabam sempre nos transportes públicos, claro está.
Pelo menos ainda guardamos esse traço de adolescência, de juventude,
não temos a pomposidade de um carro novo nosso e somos escravos
de horários, de bilhetes com fita-cola, de "Picas" zangados
e dos lugares que sobram.
No fim foi agradável ver que muita coisa pode ter mudado,
melhorado e desenvolvido, mas o nosso espírito é o mesmo.
Acabei por chegar à conclusão que foste das pessoas que mais me deu na vida,
ensinaste-me a não t(r)emer,
ensinaste-me a gostar de ser único,
ensinaste-me a cultivar a coragem,
ensinaste-me a defender-me,
(mesmo que ás vezes até fosse de ti)
ensinaste-me a andar como se fosse o rei do mundo
(e a dizer gtfo).
Obrigado por tudo, Sê feliz.
Mereces bitch.




Como é que isto continua a fazer tanto sentido? Escrevi isto há alguns meses atrás e encontrei agora. O sentimento continua aqui. Obrigado Perpétuo. 


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