O meu quarto de pantanas, com a mala vermelha aberta no chão, três mil papéis desmaiados por todo o lado qual rosas murchas. Uma sensação de partida. Um adeus próximo. O vento que me bate no corpo do ventilador e Clair de Lune a fazer-me chorar.
Sim, vou-me embora. O meu quarto de tantos anos, as minhas coisas de tantos anos parecem já sentir a minha falta. Deixo esta casa e e este país, mas não iguais a como os encontrei. Tantas lágrimas derramadas aqui, tantos suspiros e amores, tantos sonhos, meu deus. Tantos sonhos.
Setembro chegou e estou outra vez de partida. Vou à conquista de um lugar novo, de pessoas novas, aventuras e memórias. Vou em busca de um álbum de fotografias lindas. Vou em busca talvez de um amor, de uma aventura em Milão. Vou em busca de algo que me faça renascer. Sou uma fénix doente e preciso de me incendiar e renascer das minhas cinzas, como sempre o fiz na realidade.
Dúvidas levo-as a todas no peito carregadas de medo.
Lembranças também. As pessoas, as minhas pessoas, levo-as cravadas na pele, no sangue, por todo o meu corpo como uma marca que não sai.
Resta-me só pedir um bocado de sorte e uns trocos para um ou dois copos.
Regresso
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Começa assim,
com as minhas mil mortes e mais uma
entre chocolates e cravos caídos,
o fim de outro mundo perdido em tantos
sem tempo para prantos nem lembra...
Há 8 anos
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