Portanto.

24 dezembro, 2010

Não gosto de fazer planos. Sim, sim eu sei que é pode parecer um frase estranha para mim mas ao fim ao cabo, começo a ter medo de ter sonhos e construir castelos. Podia dizer que para 2011 quero isto, quero aquilo, quero aquela pessoa e umas pantufas de criança, mas a verdade é que acabaria por fazer uma lista super fácil de coisas para me sentir bem comigo mesmo.

Fazer planos e depois falhar é a constatação, sem margem para dúvidas, de que somos realmente um fracasso. Encarnamos o papel de Carlos Maia no último capítulo dos Maias, a sombra do que poderíamos ter sido.

"Sombra do que poderia ter sido" é uma frase extremamente deprimente. Há tanta coisa na minha vida que poderia ter sido diferente. Poderia ter nascido com uma mente metódica e um gosto profundo pelas ciências. Podia ter sido um óptimo aluno e agora estar em Medicina. Ou então podia nem sequer ter nascido, o que parece uma óptima possibilidade neste momento.

Estou a desligar-me do que se passa à minha volta e atingir um estado qualquer profundo de não me preocupar mais. O saco já rompeu, o copo já caiu e doem me as costas para estar a apanhar os cacos. Sangrem pés, sangrem. Não há motivo para estarem perfeitos. Não há motivo para querer cuidar de vocês.

Estou ao abandono e numa maratona de solidão, onde não há início nem chegada, só caminho e caminho.

Gostava de me puder agarrar a alguma coisa neste momento. Alguma coisa que fosse. Mas...parece tudo insuficiente.

Preciso da Avenida da Liberdade. E dos Restauradores. E do metro. E do Chiado <3.>

0 Comentários: