Eu estava no meio do metro da baixa, e queria ir para segunda a saída, uma que liga com a baixa e não com o Chiado. Entretanto, por algum motivo e sem pensar fiz o meu caminho de costume e quando cheguei às escadas rolantes percebi a asneira, mas decidi que não valia a pena voltar para trás e já que estava ali, era suposto eu ir em frente. Ao descer o Chiado, encontro um carro com a matrícula EG e eu gosto de pensar que aquilo quer dizer que era suposto eu estar naquele sítio, naquele momento.
Fui sempre descendo a rua, olhando para as montras, a ouvir o meu Mp3, ainda parei uns segundos a olhar para uns coelhos e reparei numa pessoa que conhecia, mas que já não via há muito tempo.
Pensei durante uns milésimos de segundo em quem seria. Fiquei confuso. Era suposto eu saber, certo? Quando me atingiu ainda estava meio confuso. Mas não foi mau, nem estranho, um bocadinho desconfortável está certo, mas não doeu. Foi só estranho e isso parece-me bem. Quanto menos estranho passar a ser, menos doloroso, mais fácil será eu seguir com a minha vida e isso é qualquer coisa de valor.
Entretanto, pela cidade fora publicita-se o fim de Harry Potter. "Tudo Acaba 14/7". Foi há 10 anos que a minha tia-prima (filha da minha tia-avó, quase irmã do meu pai) me levou para ver o filme. Nessa altura a minha avó tinha morrido há pouco tempo e não queriam que eu ficasse traumatizado. O primeiro livro que recebi foi o Cálice de Fogo. Depois, a minha avó mandou os três primeiros, e o resto fui comprando já sozinho. Foi um caminho longo de Harry Potter. Chorei, Ri e sonhei a ler os livros e a ver os filmes. Apaixonei-me pela Hermione/Emma Watson. Chorei pelo Dobby. Ainda consegui ter um quase love affair que começou por Harry Potter e que como acabou mal, desejei que nunca tivesse existido o HP. A história com a Beatriz acabou por ser bonita pelo menos num aspecto, e tento agarrar-me a isso como se não houvesse amanhã.
E agora vai acabar. Não há mais filmes, nem mais livros - há novidades, sim claro, mas...já nada é a mesma coisa. E sentir que os filmes vão acabar é como sentir que a minha infância acabou mesmo, é o adeus final de um tempo conturbado. Não sou mais a criança que fui durante tanto tempo, já não estudo no Colégio Algarve, já não falo alemão na Escola Dom Afonso III, já não me dou com a mAna Martins. Meu Deus. Tanta História, Tanta Vida.
Pelo menos, vivi tudo, senti tudo e agora que me vou embora - sinto-me, pelo menos em parte, preparado para novas coisas, novas aventuras. Ainda tenho o mundo todo por descobrir e agora que comecei a crescer a evoluir tão depressa, não quero que acabe nunca mais!
Deus. Daqui a 10 anos, como será a minha vida?
Não preciso de saber. Por ora, quero só tentar fazer a melhor limonada com os limões que me dão.
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