Fumámos os três um cigarro cada um e elas foram discutindo isto e aquilo, os anos do Pedro, irmão de Marta e cunhado de Joana, a mãe de Marta e o estilo de Madame, as questões da empregada de limpeza que desta vez não se tinha esquecido das molduras.
E eu pensei: é por isto que ninguém anda à volta do mundo quando fica adulto, ninguém anda atrás do sonho noutro país, é por isto que ninguém se aventura. Porque há uma altura na vida em que vêm os filhos, as empregadas, os jogos de futebol e os aniversários e seguimos isso porque isso é que devemos seguir e porque os sonhos de primavera adolescente já deviam estar mortos.
Ó vida, será este o meu destino? Perdendo os anos estáveis numa estabilidade da qual vou apenas gostar? De uma vida que já não me pertence e da qual me resta pouco que saborear? Será a maturidade o assassinato da criança que fui? Do esquecimento das juras que fiz em cima daquela árvore, quando a trepei e jurei conquistar o mundo?
Afinal, será que serei tão especial como todos os outros são? Ou será que nasci para viver meio ao sabor do vento, de cá para lá, vivendo uma vida louca, mas rica. Uma vida que me vai ensinar a dar valor aos meus momentos comigo e só comigo.
Cap ou pas cap?
E se eu escolher ficar, serei tão feliz como poderia ser?
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cap.
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