Se calhar o problema é meu

29 agosto, 2011

Mas sinto-me desapontado com as minhas pessoas. Falámos de um verão que não era este, um verão em que íamos estar juntos, que íamos ter aventuras e estar juntos. Ilusões - Ilusões de quem está longe e que quer acreditar que ainda tem uma casa. Este sítio já não me pertence mesmo, aqui não consigo - e talvez nem queira ser feliz.
Estado de vagabundo constante tendo ou não casa. Sinto-me mais perdido que nunca, mas encontrei um pouco de mim no meu desencontro.
Levo para Milão quase a certeza de que a ilusão do "vamos estar juntos depois" não se concretiza - é só promessa piedosa.
Estou farto de quem não se esforça para estar comigo quando eu toda a vida ando a tentar. Mas eu não posso mais andar atrás de quem foge de mim. Estou cansado. Ninguém parece perceber que me vou mesmo embora e que me vai custar. Ninguém quer saber. Este Algarve mata-me todos os anos.

De qualquer forma, também pode ser que isto seja tudo criado por mim. Em todos os verões chega uma altura, em que eu já farto de tudo e todos, fico rabugento, parvo e em agonia por falta de acção. Mas que merda é esta de vida? Não estou a perceber a minha existência neste momento. Sinto-me sem propósito, a viver por vício e não por vontade. Sinto, talvez de uma forma meio egoísta que ninguém espera sentir a minha falta. Talvez eu não seja assim tão importante. Andei iludido, e a desilusão está me a matar. Ninguém pode vir, ninguém quer vir. É a maior merda. Sinto-me abandonado. Realmente abandonado por aqueles que amo.

Será que afinal a minha vida não mudou nada? Bolas, será que continuo o mesmo? É melhor nem pensar. Ainda pensei: Não, eles só podem estar a gozar. Eles vão me fazer uma surpresa e aparecem cá todos. Mas...não me cheira. Não me cheira que se organizassem tão bem para fazer isso. Não me cheira que eles sequer se importem. Não sei. Não quero parecer injusto, mas merda.

Talvez Milão me vá dar duas ou três coisinhas que sempre precisei, mas é bom eu estar ciente que eu não vou mudar por estar lá. Se calhar vou me sentir tão inútil ou gordo ou feio como de costume. E pensar que em Lisboa ainda gostei do meu corpo... Não sei.
Estou a precisar de voltar para um tipo qualquer de terapia. Tenho saudades das minhas sessões com a Paula e sinto que ando quase tão perdido como antes (...)
Se calhar é esta vivência com os meus pais que me mata.
Estou tão farto de tudo...

0 Comentários: