SE
Se consegues continuar de cabeça fria quando à volta
Todos a perderam e dizem que a culpa é tua,
Se continuas a crer em ti quando todos duvidam,
Mas em ti conservas espaço para a dúvida deles;
Se consegues esperar e não ficar cansado pela espera,
Ou se mesmo vítima da mentira, não a usas,
Ou se, sendo odiado, o ódio não cultivas,
E não te armas em bom, nem falas de alto.
Se consegues sonhar e não deixares que os sonhos te submetam;
Se consegues pensar e não fazer do teu pensamento o teu escopo;
Se consegues encontrar-te com o Triunfo e o Desastre
E tratar esses dois impostores do mesmo modo;
Se consegues suportar ouvir a verdade que disseste
Transformada por velhacos em armadilha para enganar loucos,
Ou, vendo as coisas por que deste a vida aniquiladas,
Te resignas e as reconstróis com ferramentas em desuso.
Se consegues amontoar todas as vitórias
E o todo arriscar numa cara ou coroa,
E perder, e recomeçar tudo de novo
Sem nunca te lamentares da tua perda;
Se consegues forçar coração, nervos e tendões
Para fazeres o que deves, muito após eles terem ido embora
E assim aguentar-te quando nada resta em ti
Excepto o teu Querer que lhes diz: “Aguentem!”
Se consegues falar às multidões e manter-te virtuoso,
Ou acompanhar com reis e não perder a humildade,
Se nem inimigos nem amigos te podem magoar,
Se todos os homens contam contigo, mas não demasiado;
Se consegues preencher o minuto inelutável
Com um percurso que valha sessenta segundos,
O Mundo é teu e tudo o que ele contém,
E, acima de tudo, meu filho, um Homem serás!
Rudyard Kipling, in Livro Perigoso para Rapazes, de Hal Iggulden e Conn Iggulden Guerra & Paz, 2008.
www.cadernosociologia.blogspot.com
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